Nos bastidores do Planalto, o clima não anda dos melhores. A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, caiu como uma bomba na equipe do presidente Lula, justamente em um momento delicado: as negociações com o governo dos Estados Unidos pra tentar aliviar os impactos do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros.
Quem acompanha de perto as conversas diz que a medida contra Bolsonaro complicou ainda mais o cenário. A avaliação entre assessores do governo é que fica mais difícil conseguir a inclusão de novos itens na lista de exceções tarifárias anunciada semana passada. O Brasil vinha tentando salvar da taxação especialmente produtos como o café e frutas — dois setores bem sensíveis pra nossa economia e que têm peso no agronegócio.
Apesar da tensão, o pessoal do Itamaraty acredita que a lista de exceções não deve ser eliminada por completo. Seria o pior dos mundos, segundo eles. Ainda assim, o risco existe, e eles sabem disso. Essa lista hoje contempla quase 700 produtos, incluindo aeronaves civis (como as da Embraer), suco de laranja, ferro-gusa, celulose, madeira, entre outros. Foi resultado de uma costura diplomática com empresários americanos, que também não querem sentir o baque das tarifas impostas por Trump, principalmente em ano eleitoral nos EUA.
Outro ponto importante nas tratativas é a tal separação entre os poderes. Semana passada, o chanceler Mauro Vieira teve uma conversa direta com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, pra deixar claro que o governo brasileiro não tem controle sobre o Judiciário. A Constituição garante autonomia ao Supremo Tribunal Federal, e o Executivo não interfere nas decisões da Corte.
Esse esclarecimento foi essencial porque os bolsonaristas estão explorando o episódio da prisão de Bolsonaro internacionalmente. No último domingo (3), manifestantes foram às ruas no Rio e em São Paulo pedindo anistia ao ex-presidente e até celebraram as sanções de Trump contra Moraes. Parece cena de filme, mas foi real. Tinha até faixa com a cara de Trump e pedido de ajuda aos EUA.
Na decisão que decretou a prisão domiciliar, Moraes foi firme. Bolsonaro descumpriu medidas cautelares ao participar, mesmo que por telefone, das manifestações. As ligações partiram do senador Flávio Bolsonaro e do deputado Nikolas Ferreira, dois aliados de primeira linha. Moraes reforçou que “a Justiça é cega, mas não é tola”, repetindo a frase usada anteriormente. Agora, além de ficar em casa o tempo todo — antes ele podia sair entre 7h e 19h —, o ex-presidente só poderá receber advogados, e mesmo assim, com autorização do STF.
No Planalto, a ordem é aguardar. Lula e sua equipe querem ver como a Casa Branca vai reagir, especialmente se Trump decidir usar o episódio como munição política. Afinal, a relação entre Brasil e EUA, que vinha sendo reconstruída com cuidado, pode balançar outra vez.
A situação, como se vê, tá longe de ser simples. Mistura diplomacia, política interna, relações exteriores e muito simbolismo. O Brasil tenta manter os pés no chão, mas a sombra de Bolsonaro e os ecos de Trump ainda assombram o cenário.
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