Welesson Oliveira Nos últimos dias, a cena política brasileira voltou a esquentar, e mais uma vez o nome de Michelle Bolsonaro ganhou destaque nas redes sociais. A ex-primeira-dama, que nunca deixou de se posicionar publicamente mesmo após a saída do marido da Presidência, resolveu abrir o jogo e criticar diretamente o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O motivo? As declarações do petista sobre Israel e a proposta dele de uma “nova governança global”.
Lula, que tem feito discursos firmes em encontros internacionais, reuniu todos os seus ministros numa reunião de peso, dessas que viram notícia em qualquer canto. No encontro, voltou a reforçar sua visão de que o Conselho de Segurança da ONU precisa urgentemente de reformas. Para ele, o modelo atual não atende mais às demandas do mundo de hoje, principalmente diante de conflitos como os que estão em andamento no Oriente Médio. Porém, o que chamou mesmo a atenção foi o jeito indireto com que o presidente voltou a criticar Israel, país que tem sido alvo de polêmicas e discussões intensas nos últimos meses.
Michelle não deixou barato. Em suas redes sociais, onde mantém milhares de seguidores fiéis, compartilhou um texto de cunho religioso, reforçando sua defesa ao Estado de Israel. A mensagem, carregada de simbologia bíblica, dizia: “Israel é como um leão poderoso: quando está dormindo, ninguém tem coragem para acordá-lo. Quem abençoar o povo de Israel será abençoado; e quem amaldiçoar será amaldiçoado”.
No final da publicação, Michelle ainda acrescentou por conta própria uma frase que ecoou forte entre seus apoiadores: “Quem condenar Israel será condenado”. Essa posição não surpreende tanto, já que desde os tempos em que ocupava o posto de primeira-dama, ela sempre se mostrou muito ligada a questões religiosas, principalmente em temas que envolvem Israel, considerado por muitos cristãos um território sagrado.
Vale lembrar que não é de hoje que Michelle Bolsonaro usa suas redes como uma espécie de palanque paralelo. Enquanto Jair Bolsonaro enfrenta batalhas na Justiça e tenta manter sua influência política, ela aparece cada vez mais como uma voz de impacto dentro do bolsonarismo. Seus discursos, ainda que curtos, são compartilhados em grupos de WhatsApp, recortados em vídeos no TikTok e discutidos em rodas de conversa.
Por outro lado, Lula segue tentando consolidar sua imagem de líder global, participando de debates sobre clima, economia e paz mundial. Recentemente, em encontros com líderes estrangeiros, reforçou a ideia de que o Brasil pode ser um ator relevante nas negociações internacionais. Porém, suas falas sobre Israel e Palestina têm gerado controvérsia. Em fevereiro, por exemplo, uma declaração comparando a situação em Gaza ao Holocausto gerou críticas pesadas e até um mal-estar diplomático.
O que se percebe nesse embate é o quanto religião e política continuam entrelaçadas no Brasil. Enquanto Lula aposta numa retórica internacional, buscando espaço nas grandes mesas de negociação, Michelle fala para um público específico, mas muito engajado: cristãos evangélicos e conservadores que veem em Israel não apenas um país, mas um símbolo espiritual.
Curiosamente, esse tipo de discurso religioso vem ganhando força no cenário político atual. Basta ver como candidatos e figuras públicas usam versículos, metáforas bíblicas e referências espirituais para dialogar com seu eleitorado. Michelle, nesse sentido, tem encontrado um terreno fértil, especialmente num momento em que seu marido enfrenta desgaste político e jurídico.
Se essa estratégia vai render frutos a longo prazo, ainda é cedo para dizer. Mas uma coisa é certa: cada publicação dela, mesmo as mais curtas, provoca barulho, gera manchetes e alimenta debates tanto entre aliados quanto opositores. No meio disso tudo, o Brasil segue assistindo a uma mistura de religião, política e redes sociais que, goste-se ou não, já faz parte do cotidiano.
E enquanto Lula fala em “nova governança global”, Michelle responde com passagens bíblicas. Dois mundos diferentes, mas que se encontram na arena política, onde cada palavra tem peso e cada silêncio também fala alto.
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