O clima entre Brasil e Estados Unidos deu uma esquentada nos últimos dias, principalmente depois que Jason Miller, principal conselheiro de campanha de Donald Trump em 2024, resolveu jogar lenha na fogueira. O cara publicou uma imagem polêmica nas redes sociais mostrando um manifestante usando uma máscara do ministro Alexandre de Moraes — sim, o do STF — e com as mãos algemadas. A cena foi registrada em Fortaleza (CE), segundo o próprio Miller.
Na legenda da postagem, ele escreveu algo simples mas direto: “Cenas de Fortaleza (CE)”, como se fosse só mais uma foto de protesto de domingo. Só que não é bem assim, né? A imagem tem um peso simbólico forte, principalmente no momento em que o Brasil vive uma tensão política absurda, com protestos pipocando por todo canto e a base bolsonarista cada vez mais inflamada com as decisões do STF.

Aliás, Miller não parou por aí. Durante o domingo, dia 3 de agosto, ele compartilhou vários vídeos e fotos dos atos que rolaram no Brasil, sempre com um tom de apoio aos manifestantes. Em uma das postagens, ele comentou: “O povo no Brasil quer liberdade”. Uma frase curta, mas que ecoa bem o discurso que a direita americana — e a brasileira também — costuma usar.
Mas essa treta entre Miller e Moraes não é de hoje. Em 2021, o americano foi detido no Aeroporto de Brasília por ordem do próprio ministro. Isso mesmo. Ele estava prestes a embarcar de volta pros EUA quando foi parado e interrogado por cerca de duas horas. O motivo? O inquérito das Fake News que corre no STF. Depois do interrogatório, foi liberado e seguiu viagem, mas o episódio ficou marcado.
Voltando a 2025, nesta segunda-feira, dia 4 de agosto, Miller compartilhou mais uma publicação polêmica. Ele divulgou um artigo do jornalista Felipe Jafet, publicado no jornal americano The Hill, com o título: “Trump is right about Brazil” — traduzindo: “Trump está certo sobre o Brasil”. O texto defende, entre outras coisas, que o governo americano deveria aplicar sanções econômicas contra o Brasil e, especialmente, contra Alexandre de Moraes.
Ou seja, não é só uma questão de opinião pessoal. Tem um movimento político articulado por trás dessas postagens. Miller, que já teve cargos importantes na Casa Branca durante o governo Trump, sabe exatamente o peso que suas palavras têm — principalmente quando o assunto envolve outro país. E, pra quem acha que isso é só barulho nas redes sociais, vale lembrar que Trump ainda tem grande influência dentro do Partido Republicano, e seu discurso ressoa forte entre os conservadores, inclusive no Brasil.
O que preocupa é a escalada dessa tensão. As manifestações pró-Bolsonaro têm ganhado tom cada vez mais agressivo, e agora, com apoio de figuras internacionais, ganham uma espécie de “legitimação” externa. O uso da imagem de um ministro da Suprema Corte brasileiro, mesmo que de forma simbólica, algemado, é algo que ultrapassa os limites da crítica política e beira o ataque institucional.
No fim das contas, esse episódio mostra como a política virou um campo de batalha globalizado. O que começa num tweet em Washington pode acabar inflamando protestos em Fortaleza, e vice-versa. Enquanto isso, a democracia segue na corda bamba — e quem deveria ser a voz da razão muitas vezes tá mais preocupado em ganhar curtidas do que em manter o equilíbrio das instituições.