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Feira de Santana (BA): A Segunda Maior Cidade da Bahia no Centro de uma Crise de Segurança

Feira de Santana (BA): A Segunda Maior Cidade da Bahia no Centro de uma Crise de Segurança

Welesson Oliveira 2 semanas ago 0 13

Feira de Santana, a segunda maior cidade da Bahia, com mais de 620 mil habitantes, sempre foi considerada um importante polo econômico, comercial e cultural do interior nordestino. Conhecida como “Princesa do Sertão”, a cidade também se destaca pela sua localização estratégica, sendo um elo entre o litoral e o sertão baiano.

No entanto, nos últimos anos, Feira de Santana vem sendo marcada por violência crescente, sensação generalizada de insegurança, avanço das facções criminosas e omissão do poder público. A cidade, que já foi referência em desenvolvimento regional, hoje convive com tiroteios, assassinatos, medo e abandono institucional.

Neste artigo exclusivo do Brasil Contra a Corrupção, vamos analisar em profundidade a crise de segurança que atinge Feira de Santana, suas causas estruturais, impactos sociais, e os caminhos possíveis para recuperar a tranquilidade da população feirense.

O Retrato da Insegurança em Feira de Santana

Dados que Assustam

Segundo o Atlas da Violência 2024, Feira de Santana figura entre as cidades com maiores taxas de homicídio do Brasil. Foram mais de 400 assassinatos registrados em 2023, muitos deles ligados a acertos de contas entre facções, tráfico de drogas, feminicídios e latrocínios.

A violência não se limita à periferia: assaltos a ônibus, roubos de carros, sequestros relâmpagos e furtos em estabelecimentos comerciais ocorrem até mesmo nas regiões centrais, como a Avenida Getúlio Vargas, tradicional coração comercial da cidade.

“Hoje, quem vive em Feira de Santana não sabe se volta vivo para casa. A cidade está sitiada pelo medo”, desabafa Fernanda Lima, professora da rede pública.

Principais Causas da Crise de Segurança

Avanço das Facções Criminosas

Nos últimos anos, o crime organizado se infiltrou nas estruturas sociais de Feira de Santana. Facções como o Comando Vermelho (CV), Bonde do Maluco (BDM) e grupos locais disputam território para o tráfico de drogas, armas e extorsões. Essa disputa tem gerado ondas de homicídios, execuções e toque de recolher em alguns bairros.

Os bairros como Feiraguay, George Américo, Rua Nova, Queimadinha e Sobradinho são frequentemente citados em boletins de ocorrências por estarem no centro dessas disputas territoriais.

Falta de Presença Policial

Apesar de ser uma das maiores cidades do Nordeste, Feira de Santana sofre com um efetivo policial reduzido, viaturas insuficientes, delegacias mal equipadas e baixa capacidade de investigação criminal. Em muitas áreas, os moradores afirmam que só veem a polícia depois que a tragédia já aconteceu.

Segundo dados do próprio governo do Estado, há menos de um policial para cada mil habitantes — índice bem abaixo do recomendado pela ONU.

Desigualdade Social e Falta de Oportunidades

A desigualdade social é um dos pilares da crise. Bairros carentes, falta de escolas de qualidade, desemprego, ausência de atividades culturais e falta de programas sociais eficazes contribuem para a vulnerabilidade da juventude, que acaba sendo aliciada por facções criminosas.

Sem perspectivas de futuro, muitos jovens encontram no tráfico uma promessa (falsa) de poder, status e dinheiro fácil.

Sistema de Justiça Ineficiente

A impunidade é uma das grandes responsáveis pelo agravamento da violência. Muitos crimes em Feira de Santana não são solucionados, denunciados ou julgados. A morosidade do sistema judicial, a falta de peritos e a ausência de investigação eficaz incentivam a ação dos criminosos.

Impactos Diretos na População

Rotina de Medo

Moradores mudam sua rotina para evitar sair de casa à noite, circular por determinadas áreas e frequentar locais públicos. Festas, eventos culturais e encontros comunitários estão em declínio por temor de atentados ou confrontos armados.

Evasão Escolar e Abandono Infantil

Escolas em regiões mais afetadas pela violência relatam evasão de alunos, atrasos frequentes e queda no desempenho acadêmico. Professores e alunos relatam casos de ameaças, confrontos perto dos portões escolares e até tiroteios durante o horário de aula.

Comércio Prejudicado

Empresários e comerciantes vivem sob constante ameaça de assaltos, extorsões e insegurança patrimonial. Muitos estabelecimentos estão fechando ou migrando para bairros mais seguros. Isso impacta diretamente a economia local e a geração de empregos.

O Papel do Poder Público: Omissão, Inércia e Falta de Planejamento

Apesar dos apelos da população e das estatísticas alarmantes, o que se vê é uma ausência de ações concretas por parte da Prefeitura e do Governo do Estado da Bahia.

Os investimentos em segurança são pontuais, eleitoreiros e sem continuidade. A maior parte das promessas feitas nos planos de governo não saiu do papel. Faltam planos estratégicos integrados, investimentos em inteligência policial, tecnologia e formação profissional para os agentes de segurança.

Enquanto isso, a população segue refém da violência e da omissão.

O Que Pode Ser Feito: Caminhos para a Transformação

Reforço Imediato das Forças de Segurança

A cidade precisa, com urgência, de reforço no efetivo policial, viaturas, drones de monitoramento, câmeras de vigilância urbana, e bases móveis nos bairros com maior índice de criminalidade. Além disso, é fundamental que haja investigação de crimes e desmantelamento das facções.

Criação de Políticas Públicas Sociais e Educacionais

Sem ações sociais, o combate à violência será sempre superficial. Feira de Santana precisa de:

  • Mais escolas em tempo integral
  • Centros de formação profissional
  • Projetos esportivos e culturais em comunidades carentes
  • Apoio psicológico para jovens em situação de risco

Integração entre Município, Estado e União

A segurança não deve ser um problema tratado isoladamente. É essencial que haja colaboração entre os poderes públicos e planejamento integrado entre os entes federativos. Somente com união e foco será possível reverter a escalada da violência.

4. Participação Comunitária e Controle Social

Moradores precisam ser agentes ativos da mudança. Grupos comunitários, conselhos de bairro, movimentos sociais e líderes religiosos devem ser incluídos nos debates e no monitoramento das políticas públicas.

Dicas Práticas para os Moradores

  • Denuncie crimes anonimamente pelo Disque Denúncia 181 ou pelo aplicativo do Ministério Público da Bahia.
  • Participe das audiências públicas organizadas pela Câmara Municipal e pela Prefeitura.
  • Ajude a fiscalizar gastos públicos e acompanhar a destinação de verbas para segurança.
  • Incentive os jovens da sua comunidade a participar de projetos sociais, esportivos e educacionais.
  • Compartilhe informações de forma responsável para não gerar pânico ou fake news.

Conclusão: Feira de Santana Ainda Pode Ser Resgatada

A crise de segurança que assola Feira de Santana é profunda, estrutural e perigosa, mas não é irreversível. A cidade tem potencial humano, econômico e estratégico para se reerguer. Mas isso só será possível com vontade política, participação popular, combate à corrupção e planejamento sério.

O futuro de milhares de feirenses depende de ações concretas agora. O Brasil Contra a Corrupção continuará acompanhando de perto a situação, denunciando omissões e cobrando as autoridades responsáveis. Porque onde a violência cresce, a voz do povo precisa ser ainda mais forte.

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