O ex-presidente Jair Bolsonaro não ficou nada satisfeito ao saber da prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Segundo contou o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), líder do PL na Câmara, Bolsonaro classificou a situação como “perseguição” e “maldade”. A declaração teria sido feita durante uma conversa com o próprio Sóstenes e também com o deputado Hélio Lopes (PL-RJ), no escritório político de Bolsonaro, localizado na sede do Partido Liberal, em Brasília.
“É muita perseguição e maldade com ela. Foi a frase dele”, disse Sóstenes à imprensa. De acordo com o deputado, o ex-presidente havia acabado de voltar de uma motociata — aquelas tradicionais, que ele costuma liderar pelas ruas — quando ficou sabendo da prisão de Zambelli em Roma, na Itália.
A notícia pegou muita gente de surpresa, embora o assunto já estivesse sendo comentado nos bastidores desde a fuga da deputada, em junho. Na conversa com Bolsonaro, Sóstenes também contou que havia falado com o advogado de Carla, que garantiu que a parlamentar se entregou voluntariamente às autoridades italianas. Essa versão, no entanto, bate de frente com o que foi divulgado pela Polícia Federal e pelo deputado italiano Angelo Bonelli, que afirma ter sido ele o responsável por passar o endereço da brasileira às autoridades locais.

O caso Zambelli vem se arrastando há alguns meses e tem rendido bastante polêmica, tanto no Brasil quanto fora. A deputada foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão, além da perda do mandato, após ser acusada de invadir ilegalmente o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Tudo isso, segundo as investigações, com a ajuda do hacker Walter Delgatti — o mesmo envolvido no caso da Vaza Jato e que já apareceu em outras polêmicas ao longo dos últimos anos.
Desde a condenação, Zambelli virou alvo de busca e apreensão e decidiu sair do país. Usando sua cidadania italiana, fugiu para a Europa, mais especificamente para a Itália, onde ficou alguns dias escondida, conforme relatado por autoridades brasileiras. O governo brasileiro, por meio do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, vinha tentando a extradição dela desde então — sem muito sucesso, até o momento em que ela foi localizada em Roma.
A prisão reacendeu debates sobre o uso político do Judiciário e a suposta perseguição contra figuras ligadas ao bolsonarismo. Bolsonaro, por exemplo, que nos últimos tempos vinha mantendo um certo silêncio estratégico, voltou a aparecer publicamente e demonstrou claro incômodo com o que chamou de “injustiça” contra Zambelli.
“É mais uma prova de que eles não vão parar enquanto não destruírem quem pensa diferente”, teria dito Bolsonaro, segundo aliados. Nos bastidores do PL, há quem diga que a prisão de Carla Zambelli pode fortalecer a narrativa de “perseguidos políticos” dentro do grupo bolsonarista, o que pode impactar diretamente as eleições municipais deste ano.
Enquanto isso, os advogados da deputada seguem atuando na tentativa de reverter a situação jurídica dela. Ainda não se sabe se haverá sucesso em algum recurso, ou se a extradição será oficializada em breve. Por enquanto, o que se sabe é que a prisão da deputada virou mais um capítulo do longo e conturbado embate entre o Judiciário e o campo político mais à direita do país.
A repercussão nas redes sociais foi imediata. Perfis bolsonaristas protestaram, enquanto críticos de Zambelli comemoraram. O cenário político continua tenso, e essa história, ao que tudo indica, ainda está longe de acabar.
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