Ministro do Supremo comete deslize gramatical em documento oficial ao rejeitar pedido de prisão de Jair Bolsonaro; internet reage com ironia e críticas

Na última quinta-feira, 24 de julho, um detalhe linguístico roubou os holofotes em meio à intensa cobertura política e judicial que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Dessa vez, o protagonista não foi o investigado, mas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Conhecido por seu protagonismo nas decisões mais polêmicas dos últimos anos, Moraes cometeu um erro gramatical em um documento oficial — erro esse que rapidamente viralizou nas redes sociais e chamou atenção até de especialistas em língua portuguesa.
Durante sua decisão que rejeitou o pedido de prisão preventiva de Bolsonaro, o ministro escreveu:
“A JUSTIÇA É CEGA MAIS NÃO É TOLA.”
Apesar da frase ser forte em conteúdo e comumente utilizada em discursos para reafirmar o papel firme do Judiciário, um detalhe chamou atenção: o uso incorreto da palavra “mais” no lugar de “mas”. Segundo a norma culta da língua portuguesa, “mas” (com “s”) é a conjunção adequada quando se quer expressar contraste ou oposição, como no caso: “A Justiça é cega, mas não é tola.”
O deslize que não passou despercebido
A repercussão foi imediata. Assim que a decisão foi publicada oficialmente, jornalistas, perfis políticos, professores de português e internautas em geral começaram a destacar o erro com ironia, críticas e até memes. Não demorou para a gafe figurar entre os assuntos mais comentados do Twitter (atualmente, X). Algumas publicações diziam, com sarcasmo: “A Justiça pode até não ser boba, mas a gramática passou longe” .
A falta de revisão textual, especialmente em um documento jurídico de alta relevância e visibilidade nacional, surpreendeu. O erro não apenas envolve uma palavra básica da gramática — uma das mais confundidas no português — como também reforça a importância da comunicação clara e correta vinda das mais altas esferas do poder público.
Além do “mais” no lugar de “mas”, outro problema na frase foi apontado por linguistas: a ausência da vírgula após a palavra “cega”, o que compromete a fluidez da leitura. A forma gramaticalmente correta da frase seria:
“A Justiça é cega, mas não é tola.”
Assessoria tenta corrigir, mas erro persiste parcialmente
Diante da repercussão negativa, a assessoria do ministro Alexandre de Moraes agiu com rapidez. Uma versão revisada da decisão foi divulgada pouco tempo depois, substituindo o “mais” por “mas”. No entanto, a vírgula continuou ausente, mostrando que, mesmo após correção, o documento ainda estava gramaticalmente incompleto.
A reação pública seguiu intensa. Críticos do ministro — especialmente apoiadores de Bolsonaro — usaram o deslize como munição para atacar sua credibilidade, acusando-o de “descuido” e “falta de preparo”. Por outro lado, defensores de Moraes minimizaram o erro, afirmando que se trata de uma falha comum, ainda mais em decisões redigidas sob pressão e em linguagem técnica.
“Erro humano”, mas de alto impacto
De fato, confundir “mas” com “mais” é um erro recorrente entre falantes da língua portuguesa, especialmente em comunicações informais. No entanto, o fato de ocorrer em um documento jurídico redigido por um ministro do STF, dentro do contexto de uma investigação de grande relevância política, elevou a proporção da gafe.
A frase, que buscava transmitir a ideia de que o Judiciário não seria ingênuo frente aos ataques institucionais, acabou virando exemplo da importância da revisão linguística, até mesmo — ou principalmente — nos espaços de poder. O episódio evidencia que erros de português, por mais simples que sejam, podem ter repercussões políticas, sociais e institucionais, especialmente em tempos de polarização.
Moraes no centro das tensões políticas
Alexandre de Moraes é atualmente uma das figuras mais influentes do cenário político e jurídico do Brasil. Desde que assumiu a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições de 2022, ele tem sido alvo constante de críticas por parte da oposição, sobretudo de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro.
O ministro tem liderado investigações envolvendo fake news, ataques às instituições democráticas e tentativas de golpe, temas que inflamam os ânimos no Congresso e nas redes sociais. Suas decisões têm sido duras, diretas e, por vezes, controversas.
No caso da decisão mais recente, ele negou o pedido de prisão de Bolsonaro relacionado à trama golpista revelada pela PF, mas manteve outras medidas cautelares, reforçando que o processo segue sob apuração.
A Justiça é cega. Mas a internet enxerga tudo
Um dos comentários mais curtidos no Twitter dizia: “Se a Justiça é cega, a internet é míope: enxerga tudo, e não perdoa um errinho sequer.” A frase resume bem o cenário atual, onde qualquer deslize — seja ele jurídico, político ou linguístico — pode virar trending topic em minutos.
O caso serve de alerta: no mundo digital e hipervigilante em que vivemos, nada escapa aos olhos atentos do público. Um erro simples, como a troca de uma palavra, pode ser amplificado e ganhar contornos simbólicos, especialmente quando envolve figuras públicas de alto escalão.
Mais do que uma piada nas redes sociais, a gafe de Alexandre de Moraes expôs a fragilidade humana por trás da toga, lembrando a todos que, mesmo entre ministros do Supremo, erros acontecem. Mas, ao contrário do que muitos pensam, erros gramaticais em documentos oficiais não são detalhes irrelevantes: são falhas que comprometem a imagem da instituição e, por extensão, da própria Justiça.