Quem acompanha a política brasileira de perto já tá acostumado com reviravoltas que ocorre no mundo político. Mas algumas mudanças de posicionamento chamam mais atenção do que outras. Um exemplo disso é o caso da relação do Partido dos Trabalhadores (PT) com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2017, quando Moraes foi indicado ao STF pelo então presidente Michel Temer, o PT bateu pesado contra a nomeação. A própria Gleisi Hoffmann, que na época era senadora e hoje é presidente nacional do partido, chegou a dizer que ele representava uma ameaça real à democracia. Segundo ela, o indicado tinha um histórico de perseguição contra adversários políticos — principalmente os ligados ao próprio PT.
Durante a sabatina no Senado, Gleisi não poupou palavras: chamou Moraes de militante partidário do PSDB, disse que ele já demonstrava claramente seus posicionamentos ideológicos e questionou se ele teria imparcialidade suficiente pra julgar com isenção no Supremo. Pra ela, o problema não era só o histórico do ministro, mas também o que ele poderia representar pra estabilidade democrática no país. “Reiteramos aqui a preocupação com seus posicionamentos no Supremo, especialmente em relação à democracia”, cravou, com firmeza.
E não parou por aí. A senadora ainda aproveitou a ocasião pra cutucar o PSDB, que, segundo ela, demonstrava hipocrisia ao condenar ministros com inclinação à esquerda, como Edson Fachin, mas fazer vista grossa pra Alexandre de Moraes, que era claramente ligado à direita. “Fico espantada como as pessoas se adequam rapidamente às conjunturas que lhes interessam”, disparou, com aquele tom irônico que costuma marcar os discursos mais duros. E emendou com uma alfinetada histórica: “Será que, mais uma vez, teremos na República alguém pedindo para esquecermos o que escreveu?”

Corta pra 2025, e o cenário é bem outro. O que antes era crítica virou apoio. Gleisi, que já o via como ameaça, hoje sai em defesa de Moraes com veemência. O mesmo ministro que ela acusou de perseguir o PT agora é visto como peça-chave na defesa da democracia — especialmente após os ataques de 8 de janeiro de 2023 e a ofensiva bolsonarista contra as instituições.
E aí entra um ingrediente ainda mais curioso: o próprio Moraes se tornou alvo de críticas internacionais, inclusive de aliados do ex-presidente Donald Trump. Ele já foi acusado de “perseguir” políticos da direita brasileira, entre eles, Jair Bolsonaro. Mesmo com essa pressão externa, setores da esquerda brasileira — que antes viam Moraes como vilão — agora o defendem como herói da institucionalidade.
Essa virada chama atenção e mostra como a política, no Brasil, é profundamente marcada por conveniências e realinhamentos. Aquele discurso inflamado de 2017 hoje soa distante, quase esquecido. Mas tá aí, gravado em vídeos, matérias e registros oficiais do Senado. A pergunta que fica é: será que Gleisi também espera que a gente esqueça o que ela escreveu e disse naquela sabatina?
Seja como for, é impossível não notar o contraste. E talvez o maior aprendizado aqui seja justamente esse: na política, ninguém pode se dar ao luxo de prometer que nunca vai mudar de lado. Porque quando os ventos mudam, até os inimigos viram aliados — e os discursos, bem… os discursos mudam junto.
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