Itabuna, no sul da Bahia, já foi símbolo de progresso regional, com sua economia baseada no comércio, indústria e no legado do cacau. No entanto, nos últimos anos, a cidade tem estampado manchetes pelos motivos errados: o avanço da criminalidade, a presença crescente de facções criminosas, a rotina de tiroteios e a inércia das autoridades públicas.
Itabuna, com cerca de 215 mil habitantes, vive hoje uma das mais graves crises de segurança pública do estado da Bahia. O medo tomou conta das ruas, os moradores se sentem abandonados e a violência ameaça não apenas vidas, mas também o desenvolvimento econômico e social do município.
Neste artigo especial para o Brasil Contra a Corrupção, vamos analisar, em profundidade, as causas, os efeitos e os caminhos possíveis para enfrentar essa realidade alarmante que atinge diretamente o cotidiano da população itabunense.

O Retrato da Violência em Itabuna
Um Cenário de Guerra Urbana
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que Itabuna tem uma das maiores taxas de homicídios da Bahia, e o número de assassinatos segue em alta. Somente em 2023, foram mais de 150 mortes violentas, muitas delas ligadas ao tráfico de drogas e à guerra entre facções criminosas.
A cidade também enfrenta aumento nos casos de:
- Assaltos a mão armada
- Roubos a estabelecimentos comerciais
- Furtos de veículos e residências
- Violência contra a mulher
- Invasão de áreas públicas por grupos armados
“Aqui a gente escuta tiro quase toda semana. É como se a cidade estivesse dominada. E a polícia, cadê?”, questiona Ana Paula de Souza, moradora do bairro Califórnia.
Causas da Crise de Segurança em Itabuna
1. Facções em Guerra: O Domínio do Crime Organizado
Itabuna se transformou em território disputado por facções criminosas, como o Comando Vermelho (CV), o BDM (Bonde do Maluco) e outros grupos locais. Essas organizações disputam o controle do tráfico em bairros como:
- Nova Itabuna
- Califórnia
- São Caetano
- Ferradas
- Lomanto
Essa guerra territorial gera tiroteios a qualquer hora do dia, mortes por execução e toque de recolher imposto por criminosos. A população, refém do medo, evita sair às ruas e prefere o silêncio por medo de represálias.
2. Ausência de Policiamento Efetivo
A Presença da Polícia Militar e da Polícia Civil é claramente insuficiente. Em muitos bairros, a polícia só aparece após os crimes acontecerem. Faltam:
- Efetivo humano adequado
- Viaturas e combustível
- Investimento em inteligência e tecnologia
- Ações permanentes de policiamento preventivo
Muitos moradores denunciam que viaturas quebradas e delegacias mal equipadas são reflexo direto da má gestão dos recursos destinados à segurança pública.
3. Falta de Políticas Públicas Sociais
O abandono do poder público vai além da segurança. Educação precária, desemprego, falta de lazer e ausência de programas sociais criam um ambiente propício para o avanço da criminalidade.
Jovens sem perspectiva de futuro são recrutados pelas facções para atuarem como olheiros, soldados e até executores. O crime vira alternativa diante da ausência do Estado.
Impactos na Vida da População
1. Cotidiano de Medo
Itabuna vive uma rotina de medo e tensão. Moradores evitam circular após o anoitecer. Escolas suspendem aulas por causa de confrontos nas redondezas. Comerciantes instalam grades, câmeras e deixam de abrir em determinados horários por segurança.
2. Economia em Colapso
A insegurança afeta diretamente o comércio local, prejudicando negócios e reduzindo investimentos. Empresários deixam de expandir ou encerram atividades por não conseguirem operar sob ameaças e prejuízos constantes.
3. Prejuízos Psicológicos
O medo constante gera ansiedade, depressão e distúrbios emocionais, principalmente em crianças e adolescentes. Especialistas em saúde mental alertam para o impacto de crescer em ambientes de violência extrema.
A Responsabilidade do Poder Público
Inércia das Autoridades
Tanto a Prefeitura de Itabuna quanto o Governo do Estado da Bahia têm sido cobrados pela população, mas as ações apresentadas são insuficientes, pontuais e descoordenadas.
Promessas como:
- “Mais policiamento”
- “Instalação de câmeras”
- “Reformas em delegacias”
… raramente saem do papel ou são implementadas sem continuidade. Enquanto isso, a criminalidade cresce e a confiança da população nas instituições despenca.
Falta de Fiscalização dos Recursos
Há suspeitas de desvio de verbas públicas destinadas à segurança e à infraestrutura urbana. Contratos superfaturados, obras paradas e ausência de prestação de contas reforçam a necessidade de transparência e fiscalização rigorosa.
O Que Pode Ser Feito: Caminhos para Reverter o Quadro
Reforço Estrutural das Polícias
- Aumento do efetivo policial permanente na cidade
- Criação de unidades móveis nos bairros com maior risco
- Investimentos em inteligência policial, drones e câmeras de reconhecimento
- Fortalecimento da Polícia Civil para investigação e elucidação de crimes
Projetos Sociais para a Juventude
- Escolas em tempo integral com oficinas culturais, tecnológicas e esportivas
- Bolsas de estudo e programas de primeiro emprego
- Criação de centros de convivência para jovens e famílias em situação de risco
Transparência e Fiscalização Cidadã
- Criação de portais de transparência municipal acessíveis
- Conselhos comunitários de segurança
- Denúncia ativa e segura por meio de canais oficiais e imprensa independente
Dicas Práticas para os Moradores
- Utilize o Disque Denúncia (181) para relatar atividades criminosas de forma anônima.
- Forme redes de vizinhos para segurança comunitária e troca de informações confiáveis.
- Participe das audiências públicas para cobrar ações do poder municipal e estadual.
- Fiscalize o uso de verbas públicas por meio dos sites oficiais de transparência.
- Valorize e apoie projetos sociais locais, colaborando com ONGs e ações de prevenção.
Conclusão: Entre o Medo e a Resistência, Itabuna Ainda Pode Renascer
Itabuna está em chamas, mas não por acaso. A crise da segurança pública é resultado de décadas de abandono, negligência política, desigualdade social e corrupção institucional. O sofrimento da população não pode mais ser tratado como estatística ou pauta eleitoral.
A cidade precisa de ações estruturantes, políticas públicas integradas e compromisso com a dignidade humana. A mudança exige pressão popular, união de forças e vigilância constante da sociedade civil.
O Brasil Contra a Corrupção seguirá ao lado da população, denunciando abusos, cobrando soluções e dando visibilidade às vozes que resistem. Porque onde há abandono, deve haver resposta. Onde há violência, deve haver justiça. E onde há povo, há poder.











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