Moraes Determina Retirada de Deputados e Proíbe Acampamentos em Frente ao STF.
Brasília – A capital federal foi palco de mais um embate entre os Poderes da República no último fim de semana. Em uma decisão que gerou polêmica e alimentou discussões sobre os limites da autoridade judicial, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a retirada de parlamentares do Partido Liberal (PL) que estavam acampados na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
A medida foi acompanhada de uma proibição expressa de instalação de novos acampamentos na região, sob pena de prisão em flagrante por desobediência ou resistência. A decisão atingiu diretamente cinco deputados federais que, segundo o ministro, participavam de uma manifestação considerada irregular em frente ao prédio do STF.

A Ordem Judicial: Retirada Imediata e Tolerância Zero
Na noite da sexta-feira (25), Moraes determinou que a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) retirasse os deputados federais Hélio Lopes, Sóstenes Cavalcante, Cabo Gilberto Silva, Coronel Chrisóstomo e Rodrigo da Zaeli. A decisão foi tomada após a montagem de barracas por parlamentares e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, em protesto contra as medidas restritivas impostas a ele pelo próprio STF.
A justificativa de Moraes foi a de que tais manifestações representavam um descumprimento direto de decisões anteriores do Supremo, que proíbem aglomerações ou acampamentos em áreas estratégicas da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, locais que concentram os principais órgãos do poder público.
Parlamentares Reagem: Ausência, Protesto Silencioso e Críticas
A resposta dos parlamentares não tardou. O deputado Sóstenes Cavalcante, por exemplo, utilizou as redes sociais para afirmar que nem sequer estava em Brasília. Segundo ele, naquele momento estava no Rio de Janeiro, atuando em sua base eleitoral. Já Cabo Gilberto Silva disse estar na Paraíba e classificou a decisão como “mais um erro grave do STF”.
Outros, como Hélio Lopes, optaram por protestar simbolicamente. O parlamentar montou uma barraca simbólica e apareceu com uma fita branca na boca, como forma de representar o que chamou de tentativa de silenciar opositores. Ele declarou:
“Se a liberdade precisa ser escoltada, então já não vivemos em uma democracia plena.”
Já o deputado Coronel Chrisóstomo argumentou que a manifestação era pacífica e visava apenas denunciar o que considera excessos do STF contra Bolsonaro e seus aliados.
A Proibição de Acampamentos: Segurança ou Cerceamento?
Junto com a retirada dos parlamentares, Moraes também ordenou que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, adotasse todas as providências para impedir novos acampamentos na região, especialmente em frente ao STF. A decisão mencionava expressamente que qualquer tentativa de resistência poderia resultar em prisão em flagrante.
Essa postura rigorosa, no entanto, dividiu opiniões. Juristas, políticos e comentaristas passaram a debater se a medida representa uma ação legítima para proteger a ordem institucional ou se configura uma restrição desproporcional ao direito de manifestação, garantido pela Constituição Federal.
Liberdade de Expressão em Xeque?
Os acontecimentos em Brasília reforçam uma tensão crescente entre liberdade de expressão e autoridade judicial. O episódio levanta a pergunta: até onde vai o direito ao protesto? Quando parlamentares eleitos democraticamente são impedidos de se manifestar em locais públicos, parte da população se pergunta se estamos diante de um estreitamento do espaço democrático.
Por outro lado, defensores da decisão argumentam que o STF precisa agir para garantir a ordem pública e prevenir distúrbios semelhantes aos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, quando vândalos invadiram e depredaram prédios públicos em Brasília.
Erros de Comunicação? Informações Questionadas
As alegações de que alguns parlamentares não estavam no local do protesto no momento da decisão acenderam outro alerta: a qualidade das informações que embasaram a ordem judicial. Se realmente houve equívocos quanto à localização dos deputados, isso pode representar falhas graves na apuração dos fatos por parte das autoridades.
Esses erros, ainda que pontuais, abrem espaço para questionamentos sobre a precisão e a legalidade das decisões judiciais baseadas em dados equivocados.
Um Novo Capítulo da Polarização Política
Este episódio marca mais um capítulo da escalada de conflitos entre o STF e setores conservadores da política nacional. Os parlamentares do PL vêm, reiteradamente, questionando decisões de Moraes e do Supremo, principalmente quando dizem respeito a Bolsonaro e a temas ligados à liberdade de expressão.
O ministro, por sua vez, reforça que suas decisões visam proteger as instituições democráticas contra ataques coordenados e antidemocráticos.
E Agora?
Enquanto isso, o clima na capital federal permanece tenso. A Praça dos Três Poderes segue isolada, com barreiras e forte presença policial. O STF não anunciou se novas medidas serão tomadas, mas a determinação de Moraes sinaliza uma postura cada vez mais intransigente diante de atos que considera ameaçadores à ordem institucional.
Democracia em Debate
A determinação do STF expõe uma questão delicada: o equilíbrio entre autoridade estatal e o direito ao protesto. Em um cenário polarizado, decisões como essa podem ser vistas tanto como garantias de estabilidade democrática quanto como sinais preocupantes de autoritarismo judicial.
Para o cidadão comum, resta refletir: em que momento a defesa da ordem pública ultrapassa os limites do respeito às liberdades civis? É um debate que vai além da política partidária e toca diretamente os alicerces da democracia brasileira.
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