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Secretário do governo Donald Trump fala em consertar o Brasil

Secretário do governo Donald Trump fala em consertar o Brasil

Welesson Oliveira 3 semanas ago 0 89

O recente comentário do secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, deu o que falar tanto em Washington quanto aqui no Brasil. Em entrevista ao canal NewsNation, ele soltou a frase polêmica de que seria necessário “consertar” o Brasil para que o país não atrapalhe os interesses norte-americanos. A fala, claro, gerou barulho e discussões sobre até onde vai essa postura de pressão dos EUA em relação a seus parceiros comerciais.

Segundo Lutnick, o Brasil estaria no mesmo “pacote” de países que, na visão dele, “têm um problema” e precisam reagir de maneira adequada às demandas dos Estados Unidos. Entre os citados também estão a Índia e até a Suíça, que, convenhamos, nem de longe costuma aparecer nesse tipo de lista. “Temos um monte de países para consertar, como Suíça e Brasil. Eles têm um problema. Índia. Esses são países que precisam reagir corretamente aos Estados Unidos. Abrir seus mercados, parar de tomar ações que prejudiquem os Estados Unidos”, disse o secretário, sem meias palavras.

A declaração chega em um momento delicado, já que a Casa Branca, sob o comando de Donald Trump, anunciou uma nova rodada de tarifas que começa a valer a partir da próxima quarta-feira, dia 1º. E não são taxas leves: variam de 25% a 100% sobre itens que vão de medicamentos até caminhões pesados, passando por móveis e utensílios de cozinha e banheiro. O curioso é que, apesar de incluir o Brasil no discurso, o país não está nessa lista inicial de taxações. Quem sentiu o baque direto foram a Suíça, a Índia, a Coreia do Sul e até mesmo a Austrália.

O argumento de Lutnick é que os EUA sofrem com déficits comerciais frente a essas nações, e que isso precisa ser “corrigido” de alguma forma. Ele citou a Suíça como exemplo, chamando-a de um pequeno país rico que, segundo ele, só consegue manter esse status porque vende muito mais do que compra dos americanos. “Sabe por que eles são um pequeno país rico? Porque nos vendem 40 bilhões de dólares a mais em produtos”, afirmou.

No caso do Brasil, ainda que não tenha entrado nessa rodada de tarifas, o recado foi direto: se quiser manter relações comerciais sólidas com os Estados Unidos, terá que “jogar bola” com as regras de Trump. E aí entra um ponto delicado, porque o Brasil vive um momento de instabilidade econômica e política, com disputas internas que atrapalham a formulação de estratégias externas consistentes. Não é novidade que nossa diplomacia já teve mais brilho em décadas passadas do que nos últimos anos, e isso pesa na balança quando surgem pressões externas desse nível.

Se olharmos para o cenário global, não é difícil perceber que os EUA estão numa postura cada vez mais protecionista, algo que muitos especialistas já vinham apontando. O “America First”, slogan que Trump voltou a usar com força na corrida eleitoral de 2024, continua sendo aplicado na prática. A diferença agora é a intensidade: os embates comerciais deixaram de ser apenas contra a China, como vimos em anos anteriores, e passaram a atingir aliados históricos.

Aqui no Brasil, a reação inicial à fala de Lutnick foi de cautela. Analistas políticos lembram que, embora o secretário seja uma figura importante, nem sempre suas declarações refletem a posição final do governo. Mas o histórico de Trump mostra que dificilmente essas ameaças ficam só no discurso. Aliás, vale lembrar que na semana passada ele já tinha se envolvido em nova polêmica ao dizer que países da América Latina deveriam “pagar mais caro” por exportar commodities agrícolas para os Estados Unidos.

No fim das contas, a fala de Lutnick acende um alerta vermelho para o Brasil. Mesmo sem estar na lista imediata de tarifas, o país pode, a qualquer momento, entrar na mira das medidas protecionistas de Trump. Para um governo que já enfrenta desafios internos enormes — inflação controlada com dificuldade, tensões políticas e crises setoriais como no agronegócio —, essa pressão externa pode se transformar em mais um problema no tabuleiro.

É aquela velha história: quando os Estados Unidos espirram, a economia mundial pega resfriado. E o Brasil, que já anda gripado faz tempo, pode acabar de cama se não souber lidar com esse novo cenário.

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